sexta-feira, 6 de novembro de 2009

A viagem a Puno, Titicaca e a Ilha dos Uros!!

Bem, demorei um pouco para escrever sobre a nossa viagem a Puno e Lago Titikaka... Aguardando  inspiração!

Saimos logo após a aula de espanhol por volta das 11:00 na ultima sexta feira dia 29/11/2009, em direção a rodoviária. Vou falar um pouco sobre a rodoviária e como funciona o sistema de trasportes para outras cidades do Perú!
Existem nas rodoviárias do Perú  uma série de empresas que oferecem o serviço de transporte inter-estadual, porém nem todas disponibilizam um bom serviço! As  melhores que utilizamos por indicacação foram a JULSA, a SAN MARTIN e a mais falada CRUZ DEL SUR. Esta ultima em alguns trechos a passagem chega a ser quase o triplo do valor, porém afirmam que o serviço é muito bom.   No minimo né?
Compramos a passagem pela Julsa, indicada pelo nosso professor de espanhol. A passagem para Puno custou S/30 soles em BusCama. O BusCama assim chamados, são ônibus Doble Deck que possui cadeiras semi-leito na parte de cima e leito total na parte de baixo. Para viajar em baixo a passagem custa um pouco mais caro, normalmente 5 soles mais. Preferimos ir em cima para melhor observar as paisagens ao longo de toda a estrada...
Existem passagem de todos os preços. E são muitas companhias, eu contei umas 20. A venda de passagens na rodoviária parece uma feira, as mocinhas gritam muito alto o nome da cidade para onde o ônibus da sua companhia está saindo.. Cuzccoo, Cuzzcoo, Punnoooo, Punnooo..Arequipaaa, arequipaaa, arequipaaaa... Devem ser comissionadas por cada venda de passagem pela gritaria que fazem o dia inteiro.
É melhor procurar sempre uma empresa que ofereça o serviços em bus cama, mesmo que vc vá em cima, é mais confortável e há mais espaço. De toda a forma é melhor pagar mais um pouquinho e viajar com mais tranquilidade. Há empresas que cobram 15 soles por este mesmo trecho mas os veículos são bem velhos, não possuem banheiros, saem catando gente pela estrada, param toda hora e as pessoas que entram no ônibus são camponeses vendendo comida e outros tipos de gêneros alimentícios,  o resultado é que o ônibus inteiro fica com aquele cheiro forte de comida que embrulha o estômago. Por falta de opção passamos por uma situação semelhante na qual vou relatar mais tarde. Outra dica importante que recebi de outros viajantes: Nunca deixem guardar a sua bagagem no porta mala do ônibus. Faça-se de desentendido e leve-a em suas mãos. As bagagens não são controladas, se alguém descer e levar por suposto engano vc não têm a quem reclamar.

Mesmo viajando por uma empresa melhor, percebemos que os motoristas param no caminho para levar moradores das regiões para cidades vizinhas, eles devem fazer algum tipo de bode e cobrar por fora...

Levamos cerca de 5 horas para chegarmos a Puno, a paisagem é linda e também muda bastante durante o percurso. Vimos muita pobreza e muitas mulheres trabalhando, elas são muito fortes, fazem trabalho de homens, como agricultura e criação de animais, além de cuidar dos filhos, estavam sempre carregando um saco nas costas e sempre tinha uma criança dentro do saco. Em todos os rios lá estavam elas lavando roupas, cheias de crianças a volta. A viagem foi bonita, passamos por diversos cenários naturais, montanhas, vimos rebanhos de vicunãs, alpacas e lhamas pelo caminho.. É interessante observar o habito de vida das populações campesinas, suas roupas, suas casas e como vivem nas pequenas cidades a beira das estradas.

Chegamos a Puno, nos hospedamos no hotel Rubi, S/30 soles o casal com café da manhã! A dica do hotel quem nos deu foi um rapaz na rodoviária. Pagamos S/3 soles de taxi até lá!
Falemos de Puno:  Li muitas dicas sobre Puno nos link´s de quem já foi até lá. Muitas pessoas afirmam que Puno é uma cidade feia e que não tem nada para ver, parece uma favela e é perda de tempo e dinheiro dormir nesta cidade.  De fato a primeira impressão não é muito agradável porque a entrada da cidade fica em uma parte pobre e as casas são de tijolo cozido sem reboco nem pintura, daí a má impressão. A nossa experiência pessoal  é totalmente o oposto  de quem não experimentou a noite de Puno, vale muito a pena conhecer a noite de Puno..

Puno foi fundada em 4 de novembro de 1668 e possui hoje 80.000 habitantes a uma altitude de 3855 metros. Puno nasceu como uma necessidade de controle das riquezas minerais da regiao. A fundação espanhola data de 4 de Novembro de 1688. O Vice-rei, conde de Lemos fundou a cidade de Puno batizando-a com o nome de San Carlos. Os padres espanhóis em seu desejo de catequizar os nativos construÍram muitas igrejas que ainda são conservadas. Esta região do Peru é célebre por causa da variedade e do colorido de seu folclore.

Durma em Puno e conheça a noite gostosa que a cidade oferece. Nos surpreendeu muito! Meu termometro de qualidade se resume na figura da minha esposa. Eu particulamente gosto de tudo, acho tudo lindo, o que eu gosto mesmo é de conhecer culturas, forma de viver e comportamento de um povo. Tudo me facina, eu vejo beleza em cada esquina, mas viajando com mulher já viu né? Quando não agrada, não agrada. Jeanne adorou Puno mesmo não suportando o frio que faz na cidade, a noite.

Puno possui muitos hoteis de todas as classes, e perto da sua Plaza de Armas existe uma rua frequentada por pessoas no mundo inteiro, nunca vimos  tanto gringo juntos. Esta rua oferece ambientes acochegantes, casas de massas, pizzarias, boates, cafés, restaurantes, tudo muito agradável e de bom gosto, nem Arequipa que é bem maior tem um cenário assim tão agradável e gostoso em uma única rua. Tudo funciona até as 22:00 inclusive lojas de roupas, presentes e artesanato. Vai agasalhado porque Puno faz um frio intenso a noite. Foi em Puno que comemos em um destes ambientes a Pizza mais saborosa do Perú, diferente dos sabores tradicionais que conhecemos a Pizza se desmanchava na boca. Sob a luz de velas, em um cenário bem romântico curtindo a nossa lua de mel.

Já havia lido algo sobre a possibilidade de dormir nas Ilhas do lago Titika
ka, e com o rapaz que nos indicou o hotel compramos o passeio para dormir nas Ilhas Amantaní por S/50 soles. Pechichem o preço porque eles  vendem por S/70 soles. Ouvimos dizer que você pode comprar o passeio direto no terminal de embarque que custa mais barato, porém como já era noite e a saida seria pela manhã cedo, não quis arrsicar algo que não conhecia, afinal o  barco poderia estar lotado e o risco de perder o passeio implicaria em mais uma noite em Puno. Outra dica: Quanto as passagens de ônibus comprem direto na rodoviária. O sujeito se ofereceu para nos ajudar e quando descobrimos pagamos 35 soles por uma passagem que custava 20 de Puno a Cuzco. Macaco velho também paga pau! kkk, turista extrangeiro não pode vacilar.



Após a pizza demos mais um passeio pelas ruas e fomos parar em um parque de diversões instalado em uma das praças de Puno.  Depois de muita diversão fomos descansar para mais logo pela manhã visitarmos o Titikaka.



 O Lago Titicaca, tem cerca de 8300 km² e situando-se a 3.821m acima do nível do mar, é o lago comercialmente navegável mais alto do mundo e o segundo em extensão da América Latina. Localizado no altiplano dos Andes, na fronteira do Peru e da Bolívia. Mais de 25 rios desaguam no lago Titicaca, o lago tem 41 ilhas, algumas densamente povoadas. O lago Titicaca é alimentado pela água das chuvas e pelo degelo das geleiras que rodeiam o altiplano. A origem do nome Titicaca é desconhecida; foi traduzido como "Pedra do Puma", combinando palavras da língua local Quechua e Aimará. O lago possui 162 km de comprimento e 62 de largura. Parece um oceano, igualzinho a nossa Bahia de Todos os Santos até na tonalidade das suas águas.

Sobre o passeio as Ilhas:
Bem, vou começar o assunto sendo direto: Se você não gosta de culturas, não se adapta ao diferente, gosta de conforto, reclama o tempo todo e for daquelas pessoas mimadinhas, patricinhas, enjoadinhas, todas as inhas e cheinha de manias vá apenas a Ilha dos Uros e volte. Você pode comprar este passeio direto no cais por 10 soles, conhece o povo de Uros por umas 3 horas e volta para Puno a tarde. Este passeio vai te encantar.
 
No nosso caso, optamos em fazer o passeio com parada para dormir nas ilhas Amantaní, em residência de familias nativas que hospedam pessoas oferecendo café, almoço e jantar tudo incluido no valor dos 50 soles que pagamos no passeio. Porém este roteiro não é para qualquer um. Na Ilha não existe água encanada nem energia elétrica, anda-se muito subindo montanha, se quiser tomar banho só no lago titikaka a temperaturas extremas. Falta-lhe ar por conta da altitude, as residências familiares são bem simples, a comida mais simples ainda e a noite a luz de velas. Se isto já desagradou é melhor que não pague para ver.  

Este roteiro consiste em: Ilhas dos Uros, 40 minutos de navegação com parada de 1:30hs para conhecer as ilhas e o povo Uros; Ilha Amantaní, 3 horas de navegação com hospedagem na ilha  e por fim no outro dia, Ilha Taquile, 50 minutos de navegação de Amantani com parada para almoço e mais 3 horas de volta ao continente. . Chegamos de volta a Puno as 4 horas da tarde exaustos, mas valeu muito a pena.. Uma experiência única, fantástica. Vou relatar detalhe por detalhe deste passeio:

As ilhas dos Uros!!!

Saimos do cais de Puno com 30 minutos de atraso, alegaram que a fiscalização inspecionava os documentos. Eramos em torno de 20 pessoas, todos extrangeiros somente nós Brasileiros, até então não topamos com Brasileiros por aqui pelo Perú até hoje. Nosso grupo é formado por noruegueses, escoceses, japoneses, norte-americanos, finlandeses, o guia fala inglês e espanhol. Após 40 minutos de navegação pelo titicaca chegamos a ilha dos Uros.

As Ilhas dos Uros, são as famosas ilhas flutuantes construídas em Totora (um tipo de junco) que cresce no lago, estão ancoradas nas proximidades de Puno. Vivem ali atualmente cerca de 1.800 pessoas, divididas em 70 ilhas familiares. Eles são descendentes dos Uroitos, um povo que no século XV devido a conflitos entre inimigos, mudou-se da terra para dentro do lago. Aprenderam a trabalhar a totora, eles fazem de tudo com essa planta, comem, vivem em cima, navegam, fazem artesanatos e casas. Ali vivem comunidades muito antigas, interessante é que quando as famílias se desentendem, eles simplesmente cortam a ilha ao meio e cada grupo vai para o seu lado. Assim que desembarcamos em uma das ilhas, (cada barco com seu grupo ancora em uma ilha) o guia reune seu grupo para explicar sobre o povo, seu estilo de vida e como eles dão manutenção na ilha para que ela continue sempre flutuando.
Existe uma lenda que conta que Manco Capac, o primeiro Inca, e sua esposa e irmã Mama Ocllo saíram das águas do Titicaca para fundar o Império Inca. Se diz que os índios Uros; que habitam as famosas ilhas flutuantes do lago, seriam descendentes do casal real. 
Eu estava achando tudo muito interessante, imaginar que estas pessoas existem, vivem aqui e são reais. Parece um conto tipo a cidade perdida de Atlântida ou a lenda das Amazonas. Passam a vida toda ali e de tempos em tempos tem que ir substituindo os juncos que vão apodrecendo. Experimentei a totora, os Uros a chamam de banana das ilhas. Jeanne também comeu, tem gosto de cana, só que não é doce.

Há várias lendas para explicar a origem dos Uros. Segundo a tradição, eles seriam um dos primeiros povos a habitar o continente sul-americano.

Os linguistas descobriram que a sua língua original, o puquina, não tem nada em comum com as duas outras grandes línguas ameríndias do peru, o quechua e o aimará. Nos séculos XV e XVI, os Incas eram donos e senhores do Peru, da Bolívia e do Equador. Nos territórios conquistados, obrigavam as tribos indígenas a pagar-lhes tributo. Os Aimarás pagavam em cereais, batatas ou pedaços de floresta, mas, segundo a lenda, os Uros eram tão pobres que a única coisa que tinham para dar aos Incas eram pulgas! Com as suas cabeças grandes e corpos entroncados, os Uros eram vistos pelas outras tribos como estúpidos e cidadãos de segunda classe. Foi aliás no século XVII que foram baptizados de «Uros», que na origem significava «sujos e maltrapilhos». Isto explica o porquê de se terem refugiado no lago Titicaca, onde construíram ilhas flutuantes com o único material disponível em abundância: os juncos. Algumas destas jangadas, compostas por feixes de juncos empilhados com uma espessura de uns 75 cm, eram fixadas às raízes dos caniçais agarradas ao fundo do lago, enquanto outras andavam à deriva sobre as águas. Nestas ilhas, com superfícies de 0,5 a 2 hectares, os Uros viviam em autarcia completa, alimentando-se essencialmente da caça e da pesca, mas também das partes comestíveis dos próprios caniços. Hoje não resta praticamente nenhum uro a 100%. Ao longo dos séculos, foram-se miscigenando com os índios aimarás de terra firme, para evitar os casamentos consanguíneos. A antiga língua puquina foi em grande parte substituída pelo aimará, mas a sua técnica única de construção de barcos e o seu modo de vida nas ilhas flutuantes subsistiram e estão no centro da sua cultura. 
Muitos uros sofrem de reumatismo, artrite e de parasitas. A sua esperança de vida média é de apenas 48 anos, enquanto no resto do Peru ela é de 67. As condições de higiene deixam muito a desejar. Fazem as suas necessidades no lago Titicaca, de onde também tiram a água para beber. Com uma superfície de 7800 km2, o lago perde todos os anos um pouco de terreno. Nesta região em que chove pouco, a irradiação solar é tão forte que a água se evapora rapidamente. O abaixamento do nível das águas é uma preocupação constante para os Uros, porque as reservas de peixe diminuíram consideravelmente. Algumas partes do lago já não são navegáveis e, nalguns sítios, as ilhas flutuantes começam mesmo a tocar o fundo.

  O porém é que como sabem que tem um estilo de vida totalmente diferente, agora vivem exclusivamente das visitas dos turistas assim, as “ilhas” deixam de ter aquele aspecto natural da vida do dia a dia deles para se tornarem um ponto de parada para turistas consumistas. É bem verdade que os Uros há muito perderam a sua tradição e hoje vivem especificamente do Turismo, algumas cabanas possuem energia eletrica ligadas a uma placa solar que alimentam uma bateria, possuem até televisão!


Conhecemos a Luisa, uma senhora simpatica que se encantou com os Brasileiros. Ou seja: nós. Passamos muito tempo conversando e Luiza nos ofereceu o apadrinhamento do seu neto. Este foi um dos momentos mais emocionantes desta viagem, participar do cotidiano do povo de Uros, esta gente humilde e bonita nas seus próprios costumes e simplicidade de vida, sempre muito sorridentes e felizes por poder dividir com a gente suas histórias e conhecimento de vida. O batizado consite em cortar o cabelo do afilhado com uma tesoura virgem, após o batismo ganhamos presentes de padrinhos.                                                    Foto: Jeanne com nosso afilhado


Fizemos uma passeio no barco feito de totora e depois nos despedimos dos uros, do nosso afilhado e partimos para a as ilha Amantaní. Mas esta é uma outra história...




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Viva a feijoada

Agora estou dando aulas de Portugês para a dona do hotel de 8 as 9:00.

Logo após a aula saimos para comprar os ingredinetes para a feijoada no Mercado São Camilo, uma espécie de   Ceasa do Rio Vermelho.
Compramos um tipo de calabreza que aqui chama chorizo mas acabou não servindo, o gosto não é como a nossa. Encontramos coentro, bacon, chupa molho, cebola, alho, pimentão e os ingredientes que estavam disponiveis. O que faltava, substituia-mos por outra coisa. Voltamos para o hotel e usamos uma cozinha dos funcionários. Mesmo com a falta de alguns ingredientes a feijoada ficou muito boa. Deu para matar a vontade, ficamos saciados. Para acompanhar fizemos arroz e salada de tomate com cebola. Convidamos todos os funcioários para comer, foi tudo elogiado.

Que saudade da comida do Brasil!

Acarajé da Ciraa....
Cabana da Cely...
Boteco do Carangueijo...
Caipirosca...
Arrumadinho...    huuummm!!!
Help-me Brasil!
kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk

Bjs

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Salvador, Bahia, Brazil
Luiz é guia de turismo com 10 anos de experiência no segmento, formado em turismo e pós graduado em metodologia do ensino para educadores do nível superior. Professor, apaixonado pelo setor, desenvolve novas técnicas e melhorias para o turismo na sua cidade. Quem conheceu Salvador através da sua ótica, sabe que ele não é apenas um estudioso no assunto mas também um autêntico Baiano apaixonado pela arte, cultura e memória do seu povo. Precisando dos seus serviços bem como dicas e informações adicionais basta entrar em contato ou acessar sua pagina. Ele terá imenso prazer em auxiliá-lo. Visitem seu site: www.luizguia.pro.br